Mioma: o vilão do seu útero?

A incidência de pessoas com mioma sempre foi grande. O problema ocorre em 50% das mulheres acima dos 30 anos e é muito comum entre as negras. Mas até o momento, a doença não era amplamente divulgada e as formas de tratamentos não eram tão eficientes e práticas. O mioma pode surgir por diversos motivos, desde predisposição genética, até mesmo por influência hormonal.

O problema surge espontaneamente e pode ser estimulado por hormônios como o estrógeno e progesterona, que levam ao crescimento do tumor. “Porém, as chances de virar um tumor maligno são de 0,3% a 0,5%”, explica a ginecologista Rosa Maria Neme (SP).

Como posso descobrir o problema?

O desenvolvimento do mioma varia de pessoa para pessoa. O tumor, normalmente, cresce lentamente nas camadas do útero, podendo atingir tamanhos variados, desde pequeno como um grão de feijão até grande como uma bola de basquete, se estendendo a outros órgãos. Nos casos mais raros e severos, a mulher pode aparentar uma “falsa gravidez”, por causa da dilatação do abdome. O mioma é detectado por exames ginecológicos e o médico pode fazer uma préanalise com exames de toques no consultório. Mas, o ultrassom transvaginal é definitivo para um diagnóstico correto.

Sintomas

Muitas vezes, os miomas não provocam nenhum sintoma e acabam sendo apenas descobertos em um exame rotineiro. Mas, há mulheres que sofrem com o problema. É o caso da professora Renata Marinho, do Rio de Janeiro, que sempre teve um fluxo intenso durante a menstruação e sentia muitas dores nas pernas e cansaço durante o período menstrual.

Com o tempo, o fluxo de Renata foi cada vez mais intenso, além das dores na relação sexual. “Descobri o mioma somente há 3 anos, quando fazia meus exames pré-nupciais”, diz a professora. A advogada Ana Cristina, que descobriu um mioma de 5,5 cm em fevereiro de 2009 e ainda não tem filhos, também sentia muitas dores na região abdominal, sem contar as cólicas insuportáveis.

Além disso, sofria com sangramentos de forma continua mesmo após a menstruação. O mioma pode provocar sangramento menstrual irregular, cólicas menstruais mais intensas, incontinência urinária, que é aquela dificuldade em segurar o xixi, prisão de ventre, inchaço na barriga e até dificuldade para engravidar.

Muitas mulheres se preocupam quando descobrem que estão com o mioma, pois acham que depois do problema não serão mais capazes de ter filhos. “Quem tem a doença pode ter uma chance reduzida de engravidar, dependendo do tamanho e localização do mioma. Outras mulheres engravidam sem dificuldade, mas podem abortar devido ao problema”, alerta a ginecologista e obstetra Mayara Facundo (SP).

Vida sem útero

Muitos médicos indicam a retirada do útero para mulheres com mioma, motivo de grande desespero para algumas delas, como a advogada Ana Cristina. “Uma ginecologista disse que se a utilização do remédio não desse certo e o tumor aumentasse, talvez seria necessária a retirada do útero. Quando a médica me falou isso, a minha reação foi de indignação, pois ela já estava me dando uma sentença, sem ao menos eu ter iniciado o tratamento alopático”, desabafa.

Ana Cristina ficou tão chateada com a solução da ginecologista que procurou outro médico, que a informou que a retirada do útero só deveria ser feita em caso drástico. “Esse tipo de diagnóstico só é solicitado para mulheres que tenham filhos, não desejam ter crianças ou quem tem miomas muito grandes”, explica o ginecologista Paulo Chinen.

TRATAMENTOS

Veja alguns métodos de cura orientados pelos médicos para quem sofre com o problema:

Remédios

O que é: o tratamento medicamentoso causa suspensão do ciclo menstrual por meio de administração de hormônios GNRH ou progesterona. Inibe o eixo do hipotálomo hipofisário, provocando uma menopausa induzida. Por diminuir o estrogênio, regride os miomas em até 50%.

Riscos: pode antecipar a menopausa.

Quem pode fazer: pessoas que não precisam retirar os miomas ou em pré-operatório de miomectomia. Quem não pode: mulheres que querem engravidar.

Injeções

O que é: elas contêm progesterona de alta dosagem para controle de crescimento de mioma.

Riscos: aumento de peso. Quem pode fazer: pacientes em perimenopausa. Quem não pode: quem deseja engravidar.

Implantes

O que é: progesterona natural.

Risco: nenhum.

Quem pode fazer: todas as mulheres em qualquer idade, até por ser um método reversível.

Quem não pode: não tem contraindicação.

Histeroscopia cirúrgica

O que é: retirada dos miomas submucosos do interior do útero pela vagina, sem nenhum corte no abdome. Na cirurgia, é colocada uma câmera de vídeo dentro do útero.

Riscos: os riscos são bem pequenos, mas pode causar hemorragia, perfuração do útero e infecção.

Quem pode fazer: todas as mulheres com miomas submucosos.

Quem não pode: pessoas com anemias acentuadas e os demais miomas.

Cirurgia laparoscópica ou Videolaparoscopia

O que é: extração de mioma subserosos, ou seja, que estejam fora do útero. A cirurgia, realizada com auxílio de vídeo, é menos invasiva e com melhor recuperação, sem a necessidade de um corte semelhante à cesárea.

Riscos: consequências de anestesia geral, sangramento, infecção e chance de necessitar de uma conversão para uma cirurgia aberta.

Quem pode fazer: mulheres que querem preservar o útero e que tenham miomas intramurais e subserosos.

Quem não pode: pacientes com muitos miomas, com intramurais e submucosos ou que tenham úteros muito volumosos.

Embolização uterina

O que é: cauterização de vasos uterinos que nutrem os miomas. O processo é feito através de injeção com substâncias insolúveis que impactam o sangue. Tem o objetivo de diminuir o tamanho dos miomas.

Riscos: sangramento, infecção, indução a menopausa precoce e necrose do útero. Quem pode fazer: pacientes com menopausa e úteros volumosos, miomas intramurais ou alguma contra indicação de cirurgia.

Quem não pode: mulheres que desejam engravidar.

Miomectomia

O que é: extração apenas do mioma, sem retirar o útero. Pode ser feita tanto por laparoscopia quanto por cirurgia convencional.

Riscos: sangramento e infecção; pode forçar a retirada do útero.

Quem pode fazer: úteros grandes e numerosos miomas que podem ser subcutosos, subserosos e intramurais.

Quem não pode: sem contraindicação.

Ressonância magnética

O que é: retirada dos miomas por ultrassom focalizado, guiado por ressonância magnética.

Riscos: não é um método invasivo e facilita uma futura gestação. O médico pode planejar, monitorar e controlar o progresso do tratamento durante e após o procedimento.

Quem pode fazer: em geral, todas as mulheres.

Quem não pode: mulheres que têm DIU de cobre podem ter um pequeno risco de o material sair do lugar. Mesmo assim, ainda vale a pena solicitar o exame antes de um procedimento cirúrgico.

 

Fonte: ITodas

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